Características
da planta: Palmeira com estipe solitário de até 30 m de altura,
curvado ou ereto. Folhas de até 3 m de comprimento, pêndulas, com folíolos
de coloração verde-amarelada, rígidas. Flores numerosas brancas,
pequenas, reunidas em cacho de até I m de comprimento. Floresce o ano todo
e de forma mais abundante no verão.
Fruto: Forma ovóide, quase globoso, de coloração esverdeada a
amarela, de casca lisa, com cerca de 25 cm de comprimento e 15 em de diâmetro,
que demora a amadurecer, quando então torna-se castanho. Polpa abundante de
até 2 em de espessura. Cavidade central contendo a conhecida "água-de-coco".
Cultivo: Propagação por meio dos coco-sementes, provenientes das
plantas matrizes ou mães. Prefere terras arenosas de regiões de clima
quente. São cultivadas as seguintes variedades: gigante (conhecido como o
coqueiro-da-baía), anão, verde, amarelo, vermelho e híbrido (anão X
gigante).
A origem do coqueiro - a palmeira tropical que dá o famoso coco-da-praia,
coco-da-índia, coco-da-baía ou, simplesmente, coco - é bastante
controversa. Uns dizem que ele é oriundo da Índia outros afirmam que é
proveniente de ilhas do Pacífico; alguns, ainda, o julgam africano; e, para
completar, dizem também que já existia, em tempos pré-colombianos, na América
Central.
O certo é
que, no Brasil, ou melhor, na Bahia, o Cocos nu-cifera chegou, em 1553, a
bordo das embarcações portuguesas, proveniente das ilhas de Cabo Verde,
para onde, por sua vez, também tinha sido levado pelos portugueses, como
nos dá notícia o viajante Gabriel Soares de Sousa.
Dali, da região do Recôncavo Baiano, espalhou-se por toda a costa do
Brasil levado, provavelmente por dispersão natural, através das correntes
marítimas.
Na terra brasilis, o coqueiro não revelou, imediatamente, ao indígena que
habitava aquela área, todas as suas potencialidades alimentares. Segundo
Camara Cascudo, pouco mais de 50 anos após sua introdução no país, frei
Vicente do Salvador já observava que, por aqui, cultivavam-se em quantidade
as grandes palmeiras que dão o coco, mas acrescentava também que o
habitante da terra apenas aproveitava a água e a fina polpa, nutritivas e
refrescantes, de seu fruto verde.
Ainda segundo o autor, foi apenas com a chegada dos escravos africanos,
especialmente aqueles originários de Moçambique - onde a extração e o
aproveitamento do leite de coco já eram práticas comuns, herdadas da longínqua
Índia - que iniciou-se a perfeita alquimia que culminou com a criação dos
deliciosos e únicos pratos da original culinária afro-brasileira.
Que pratos
dessa culinária podem levar leite de coco ou coco puro? Muitos! Entre os
salgados, o vatapá, o caruru de folha, o efó, as frigideiras de maturi,
peixes e frutos do mar, as moquearraia,cas todas, de arraia, aratu, camarão,
peixe, lagosta, ostra e siri-mole, o xinxim de galinha, o arroz-de-hauçá,
e outros. Entre os doces, a baba-de-mofa, as cocadas, branca, queimada ou de
coco verde, de cortar ou de colher, a cocada-puxa, o quindim, o "creme
do homem", o beiju molhado, o cuscuz de tapioca, os bolos todos, de
aipim, de milho, de milho verde, de tapioca, de massa puba e de farinha de
trigo, os mingaus de milho, de puba e de tapioca, a canjica, a pamonha, o
xerém, o munguzá, a paçoca de banana, entre tantas outras invenções
possíveis.
Apesar de se tratarem de pratos bastante específicos e típicos, muitos dos
princípios contidos em seu receituário foram incorporados às outras culinárias
desse país continente, tendo sido transformados e adaptados de acordo com
os ingredientes e costumes locais, mantendo, é claro, o precioso sabor do
coco-da-baía.
Para Pio Corrêa, "sem dúvida alguma, entre as numerosas palmeiras
utilíssimas ao homem, esta é a mais importante de todas". De fato,
como em todas as demais plantas da família das Palmáceas, do coqueiro nada
se perde. Porém, neste caso, o fruto é, essencial e fundamentalmente, a
parte mais valiosa.
Antes de atingir a perfeita maturação, quando está ainda verde, o
coco-da-baía contém um líquido de cor clara, de sabor adocicado,
conhecido como água-de-coco. Refrigerante, nutritiva e terapêutica, a água-de-coco
tem inúmeras aplicações sendo, a melhor delas, deliciar aqueles que dela
sabem se aproveitar. É, também, eficiente como soro hidratador, podendo
ainda ser utilizado como auxiliar no tratamento das doenças infantis e dos
organismos debilitados.
Com a
idade, em seu processo de maturação, diminui a quantidade de água no
interior do fruto, aumentando, ao mesmo tempo, a espessura e a consistência
de sua polpa. Dessa polpa branca, carnuda e oleosa, extrai-se o leite de
coco, de uso culinário por excelência. O bagaço, acrescido da polpa
integral e de outras matérias, é também utilizado na fabricação de
azeite, de sabão, de velas e de margarina. A fibra do coco, que envolve
essa parte carnosa, tem ampla utilização na fabricação de capachos,
passadeiras, sacos, broxas, escovas, redes, esteiras, etc.
O coqueiro
e seus frutos estão presentes em mais de 80 paises ao redor do globo - na
indonésia, no Pacífico, na África, na América Central e do Sul e no
Caribe tendo grande importância na vida e na economia de várias
populações regionais. Ele vive bem na praia, perto do mar e do sal, mas
esta não é uma condição necessária para que seja cultivado com sucesso.
Atualmente, por exemplo, estão em andamento projetos de cultivo do
coqueiro-da-baía em áreas irrigadas do sertão nordestino com bons
rendimentos. No Brasil, os coqueiros mais comuns são encontrados em duas
variedades: a gigante e a anã. Os frutos obtidos, tanto numa variedade como
na outra, têm as mesmas características e utilidades.
No primeiro caso, como o coqueiro é uma planta de grande longevidade,
podendo viver além dos 150 anos, chega a atingir 35 metros de altura. Isso
dificulta bastante a coleta dos frutos, tornando-a uma atividade arriscada e
que exige do apanhador grande destreza, prática e coragem. Por outro lado,
com toda a sua altura, elegância e porte, o coqueiro transforma-se em uma
das mais belas e ornamentais plantas existentes. Dos 6 aos 9 anos de idade o
coqueiro inicia a produção de frutos, que se estabiliza quando chega aos
12 anos, alcançando uma média de 70 cocos por pé ao ano. Esta é a
variedade mais comum em todo o Nordeste brasileiro, região responsável por
cerca de 85% da produção nacional e mais de 90% da área plantada,
ocupando principalmente os Estados de Alagoas, Sergipe e Bahia.
O coqueiro anão - introduzido no Brasil em 1925, vindo da Malásia - não
alcança mais do que 10 metros de altura, o que facilita bastante a coleta
dos frutos. É mais precoce do que a variedade gigante, iniciando sua
frutificação no segundo ano após o plantio, também apresentando maior
produtividade, cerca de 200 frutos por pé ao ano. Em compensação, vive
apenas 20 anos, ou seja, bem menos tempo do que o centenário coqueiro
comum.