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Carnaúba
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Nome
popular: carnaubeira
Nome científico: Copernicia prunifera (Miller) H.E. Moore
Família botânica: Palmae
Origem: Brasil, no Nordeste e Pantanal.
Características
da planta: Estipe reto e cilíndrico, atingindo de 10 a 15 m de altura,
formando saliências espiraladas em sua superfície, decorrentes dos restos
das folhas que caíram Folhas em forma de leque com até 1 m de comprimento.
Flores amarelas em cachos pendentes que surgem de julho a outubro.
Fruto: Cacho com centenas de frutos ovóides a globosos, brilhantes,
esverdeados quando jovens e roxos quando maduros. Frutifica de novembro a
março.
Cultivo: Na região de seu habitat se multiplicam espontaneamente.
Prefere solos arenosos e alagadiços, várzeas e margens dos rios de regiões
de clima quente.
A carnaúba é uma das palmeiras mencionadas por Martius, o naturalista e
botânico tomado pela exuberância da terra.
Mas não é apenas mais uma delas: é especial. Tão especial que não
escapou à atenção de escritores como Mário de Andrade, Guimarães Rosa,
José de Alencar e Euclides da Cunha, entre outros, que souberam destacar,
em sua obra literária, a total integração do homem regional ao ambiente
em que vive. E a carnaúba, planta de grande longevidade, tem sido
testemunha viva e participante ativa dessa integração.
Quando no século XVIII, o também naturalista Humboldt conheceu a carnaúba
em terras brasileiras, impressionou-se de tal forma com as numerosas e
importantes finalidades da planta, que passou a chamá-la de "árvore
da vida".
Os frutos da carnaúba, inteiros, são basicamente aproveitados pelos
animais de criação; de sua polpa, extrai-se uma espécie de farinha e um
leite que, à semelhança do leite extraído do babaçu, pode substituir o
leite do coco-da-bula. Exemplo máximo da adaptação do homem às condições
de subsistência, a amêndoa da carnaúba, quando torrada e moída, costuma
até mesmo ser aproveitada localmente em substituição ao pó de café.
O lenho da carnaúba é resistente, podendo ser usado no fabrico de moirões,
na construção de edificações rústicas e como lenha pesada. Inteiro, o
estipe da carnaúba costuma ser usado como poste; fragmentado ou serrado,
fornece ótimos caibros, barrotes ou ripas, podendo também ser aplicado na
marcenaria de artefatos torneados, tais como bengalas e objetos de uso doméstico.
No Nordeste brasileiro, habitações inteiras são construídas com
materiais retirados da carnaúba, da mesma forma como se retiram materiais
do babaçu e do buriti. Também com suas folhas fazem-se telhados e
coberturas de casas e abrigos; com suas fibras confeccionam-se cordas,
sacos, esteiras, chapéus, balaios, cestos, redes e mantas.
Imponente, esbelta como a maioria das palmeiras brasileiras, a carnaúba é
mais alta do que o babaçu e economicamente mais rentável do que o buriti.
Isto porque, além dos frutos, das amêndoas, do estipe, das folhas e das
fibras de utilidades variadas, das folhas da carnaúba obtém-se uma cera de
grande importância industrial. As folhas da palmeira carnaúba são
revestidas externamente por uma cobertura cerífera. A presença de cera nas
folhas de algumas plantas, como ocorre com a carnaúba, é possivelmente
conseqüência de sua adaptação às regiões secas, uma vez que essa
camada cerífera dificulta a perda de água por transpiração e protege a
planta contra o ataque de fungos.
A cera, principal produto obtido da carnaúba, é, ainda hoje e na maioria
dos carnaubais, extraída por processos manuais bastante rudimentares. Em
geral, o procedimento adotado é o seguinte: depois de cortadas, as folhas
jovens das palmeiras são estendidas pelo chão e postas ao sol, por vários
dias, para secar. Quando as folhas secam e a película de cera que as
recobre se transforma em um pó esfarinhado, elas são levadas para um
quarto escuro, sem janelas, de construção simples. Ali, são rasgadas com
grandes garfos de madeira e começa a "batedura": as folhas são
violentamente batidas até que toda a cera se desprenda, na forma de minúsculas
escamas brancas, e possa ser separada da palha rasgada. Depois que esse pó
se assenta, ele é varrido, recolhido e levado ao fogo, com um pouco de água,
em grandes latões de querosene. Essa calda transforma-se em uma pasta
esverdeada, que é jogada em uma prensa rústica de madeira, a partir da
qual se obtém uma cera liquida que, depois, é despejada em gamelas de
barro ou de madeira até esfriar.
Assim é obtido o chamado "pão de cera de carnaúba"
Palmeiras
- disse Martius - abundam na terra brasílica, medram nas areias do litoral,
crescem nas campinas infindas , levantam-se destemidas e orgulhosas nos
paius e brejos, expandem sobranceiras
suas lindas frondes por entre o verdume me das florestas e vivem mesmo no
ressequido solo das caatingas...
Grandes ou pequenas surgem em toda parte, nas praias sobre os cômores, nas
encarpas das rochas, no solo fértil e no estéril.
"
PLANTAS E SUBSTÂNCIAS VEGETAIS TÓXICAS E MEDICINAIS
F. C. Hoehne ( 1939) citado por Gregório Bondar
que
é vendido para as indústrias e usinas como matéria- prima para a fabricação
de uma variedade infinita de produtos: graxas para sapatos, lubrificantes,
velas, vernizes, ácidos, sabonetes, fósforos, isolantes térmicos,
matrizes de discos, lâmpadas incandescentes, papel carbono, batom, etc.
Apesar de ter tantas qualidades, de oferecer tantos produtos diferentes e de
crescer com facilidade em qualquer clima tropical, é apenas no particular
ambiente seco das caatingas do Nordeste do Brasil que a carnaúba produz a
cera em condições de exploração econômica.
Porém, o processo de fabricação da cera envolve um conjunto de operações
que, em virtude das técnicas rudimentares utilizadas no Nordeste
brasileiro, geram um produto de qualidade inferior ao exigido pelos
processos industriais.
Mesmo assim, o Brasil é um grande produtor e exportador do pó e da cera de
carnaúba, sendo o Estado do Piaui o seu principal fornecedor, seguido pelo
Ceará e pelo Rio Grande do Norte.
Os maiores e mais densos carnaubais do pais encontram-se nessa região que,
ano após ano, é sempre a mais atingida pelas secas no Brasil. Ali, os
carnaubais estendem-se por léguas e léguas, margeando as estradas que
ligam o interior ou acompanhando as várzeas dos rios intermitentes, que
alagam quando chegam as chuvas.
O carnaubal é, em geral, espaçado e ensolarado. As folhas da carnaúba, de
cor verde-azulada, são amplas e, dispostas no alto da palmeira, compõem um
elegante cocar. Os restos curtos e duros das hastes das folhas antigas ficam
dispostos em espiral ao redor do estipe, formando desenhos bastante nítidos
Na cobertura vegetal que caracteriza toda a região seca do nordeste - e que
inclui, também, parte dos territórios dos Estados do Maranhão, da Paraíba,
da Bahia e de Pernambuco - os imensos carnaubais, nativos e cultivados, são
muito impressionantes: quem não conhece a região, nem a planta, pode até
pensar que se trata de uma bela miragem.
FACULDADE DE
CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS/UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL
Informações mais completas podem ser encontradas no Livro Frutas
Exóticas (Funep, FCAV/Unesp)
Fonte
de pesquisa: Páginas da Internet
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