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Buriti
Nome
popular: carandá-guaçu;
coqueiro-buriti; palmeira-do-brejo; miriti
Nome científico: Mauritia flexuosa L
Família botânica: Palmae
Origem: Brasil - Regiões brejosas de várias formações vegetais.
Características da planta: Palmeira de porte elegante com estipe ereto
de até 35 m de altura. Folhas grandes, dispostas em leque. Flores em longos
cachos de até 3 m de comprimento, de coloração amarelada, surgem de
dezembro a abril.
Fruto: Elipsóide, castanho-avermelhado, de superfície revestida por
escamas brilhantes. Polpa marcadamente amarela. Semente oval dura e amêndoa
comestível. Frutifica de dezembro a junho.
Cultivo: Ocorre naturalmente isolada ou em grupos, de preferência
nos terrenos pantanosos, sendo por isso denominada Palmeira-do-brejo,
Buritis Altos, Vereda do Buriti Pardo, Buriti Mirim, Vereda Funda, Bom
Buriti, Vereda-Meã, Buriti Comprido, Vereda-da-Vaca-Preta, Vereda-Grande,
Buriti-do-Á, Vereda do Ouriço-Cuim, Buriti-Pintado, Veredas-Mortas,
Córrego do Buriti-Comprido...
Os buritis e as veredas do Brasil central, imortalizados na obra literária
de Guimarães Rosa, de onde tantas e tão verdadeiras expressões, são
parte indissociável dos chapadões recobertos pelos domínios dos cerrados.
Por
onde passa um rio, riacho ou ribeirão, em suas margens, em meio aos campos
tropicais do cerrado e nos, assim chamados, "lavrados" dos campos
de Boa Vista em Roraima - enclaves de vegetação semelhante à do Brasil
central em meio à floresta tropical - florescem as matas de galeria e,
nelas, os buritis. Um pouco além da mata, ladeando-as, as veredas bem
marcadas de areias claras e vegetação mais rasteira.
Na relva densa e rica das veredas, circundadas em geral por campos limpos,
destaca-se majestosamente o buriti: palmeira de estipe elegante e ereto,
encimado por folhas enormes e brilhantes. Suas folhagens, abertas em forma
de estrela, formam uma copa arredondada, uniforme e linda, vista de baixo
sob o céu azul e limpo.
Vistas ao longe, essas matas onde se destacam os buritis, são indício
seguro de que por ali existe um curso d'água, descanso e alimento para o
sertanejo e para o caboclo: terrenos de várzea e brejos, de solo fofo e úmido,
recobertos por extensos buritizais escondem, por entre seus meandros, as águas
correntes. Por onde passam, são as águas que carregam e espalham as
sementes da palmeira buriti.
Do buriti - "verde que afina e esveste, belimbeleza", como
diz o Riobaldo de Guimarães Rosa - já foi dito, e muitas vezes reafirmado,
desde que aqui chegaram os primeiros europeus com seus viajantes e
naturalistas, que se trata da mais bela palmeira existente.
Mais do que isso, nas regiões onde ocorre, o buriti é a planta mais
importante entre todas as outras, de onde o homem local, herdeiro da
sabedoria dos indígenas nativos, aprendeu a retirar parte essencial de seu
sustento.
Os
cachos carregados de frutos e as folhas de que necessita, são apanhados lá
no alto, cortados no talo com facão bem afiado para não machucar a
palmeira. Depois disso, o experiente sertanejo pula, usando as largas folhas
do buriti como se fossem pára-quedas, pousando suavemente na água.
Dos frutos do buriti - um coquinho amarronzado que, quando jovem, possui
duras escamas que vão escurecendo conforme amadurecem - aproveita-se a
polpa amarelo-ouro. Para extraí-la é preciso, antes, amolecer aquelas
escamas por imersão em água morna ou abafamento em folhas ou em sacos plásticos.
E é com ela que são preparados os doces e outros sub-produtos
tradicionais. São eles. O moreno doce caixinhas de delicada marcenaria, na
confecção das quais não se utiliza outro material a não ser a própria
madeira do buriti; afarinha de buriti, produzida a partir da parte interna
do estipe da palmeira; as raspas de buriti, obtidas a partir da secagem ou
desidratação ao sol da polpa do fruto raspada; a paçoca de buriti, quando
se misturam, às raspas, um pouco de farinha de mandioca e de rapadura.
Todos eles, alimentos resistentes ao tempo durante a estiagem, quando outros
alimentos rareiam.
polpa
pode, também, ser congelada e conservada por mais de ano, sendo utilizada
praticamente da mesma forma que a polpa fresca. Com ela produzem-se, hoje em
dia, diferentes tipos de sorvetes, cremes, geléias, licores e vitaminas de
sabores exóticos e alta concentração de vitamina C, invenções e
descobertas modernas, muitas delas desenvolvidas nos centros de pesquisa da
EMBRAPA.
O buriti, no entanto, não fornece alimento apenas ao homem. Conta-se que,
quando é safra de buriti, certos animais comem tanto e com tanta voracidade
que se tornam pesados e fáceis de alcançar. É o caso do porco-montado de
Roraima, espécie de porco doméstico que vive no mato, que nessa época
fica com as gorduras tingidas pela cor amarelo forte do buriti.
Mas o buriti é ainda muito mais do que puro alimento para homens e animais.
De sua polpa, por exemplo, a população regional extrai um óleo de cor
vermelho-sangüínea utilizado contra queimaduras, de efeito aliviador e
cicatrizante. Esse mesmo óleo é comestível, apresentando altos teores de
vitamina A. Também comestível e, dizem, saboroso, é o palmito extraído
do broto terminal da planta.
Com as folhas crescidas - ou "palhas", como diz o homem regional
-, com suas fibras e com seus brotos, segundo descrição de Carmo
Bernardes, pode-se fazer de tudo: "a caroça de vedar chuva, o tapiti
de espremer massa de mandioca, o paneiro de empaiolar farinha, uma gradação
de balaios... as esteiras, as mantas, as redes de dormir, as cordas, as
urupemas, os abanos e chiconãs de carregar galinha..."
Por fim, segundo Pio Corrêa, o estipe do buriti fornece, por incisão, um líquido
adocicado e agradável com o qual se mata a sede. Fermentado, esse mesmo líquido
se transforma em uma bebida conhecida por "vinho de buriti".
Por sua beleza e por propiciar tantos bens aos homens e aos animais - que
também sabem apreciar e se fartar de seus frutos - o buriti foi a palmeira
que mais encantou os naturalistas Spix e Martius quando, pela primeira vez,
encontraram-se no interior das terras brasileiras.
Fonte
de pesquisa: Páginas da Internet
Fotos Silvestre Silva
frutas@silvestresilva.com.br
www.silvestresilva.com.br
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