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Araticum
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Nome Popular: cortiça-de-comer, fruta-do-conde-pequena,
imbira.
Nome Científico: Annona spp e Rolinia spp.
Família Botânica: Annonaceae.
Características Gerais: Árvore de pequeno porte (de 4 a 8 m de
altura), ramifica-se a pouca altura do solo. Tem casca cinza-escura,
folhagem aveludada e copa arredondada.
Os frutos, parecidos com a fruta-do-conde, só que menores e de casca
amarela, amadurecem entre os meses de março e maio. A massa branca e
fibrosa que envolve grande número de sementes é comestível. É encontrada
de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul em matas
baixas (capoeiras), várzeas e matas ciliares (aquelas que margeiam os
rios).
Prefere solos úmidos e férteis. Para a ciência, é a Rollinia exalbida.
Araticum
(Annona crassiflora Mart. )
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A ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO
O araticum, também conhecido popularmente como bruto,
cabeça-de-negro, cascudo, marolo e pinha-do-cerrado.
É espécie frutífera da família Annonaceae, assim
como a cherimóia, condessa, pinha, graviola e outras.
As Annonaceae são representadas no cerrado por 27 espécies,
perfazendo 3,5% da flora total. Destacam-se pelo seu
potencial frutífero os gêneros Annona, Duguetia
e Rollinia. O gênero Annona apresenta
duas espécies produtoras de frutos comestíveis no
cerrado, a Annona crassiflora Mart e a Annona
coriaceae Mart.
Nativo do planalto central brasileiro, o araticum pode
ser encontrado nas áreas de Cerradão, Cerrado,
Cerrado Denso, Cerrado Ralo e Campo Rupestre. Sua
distribuição ocorre no Distrito Federal e nos
Estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí e
Tocantins.
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BOTÂNICA E ECOLOGIA
Árvore hermafrodita de até 8m, com flores e ramos
jovens apresentando densa pilosidade
marrom-avermelhada e os órgãos vegetativos
glabrescentes com a idade. As folhas são alternas,
simples, pecioladas, sem estípulas; limbo com 5,5 a
13 x 3,5 a 10 cm, largamente obovado a oblongo, cartáceo
e coriáceo; ápice arredondado a obtuso; base
arredondada, obtusa ou subcordada; pecíolo com 2 a 6
mm de comprimento, actinomorfas, internamente
creme-amareladas, crassas; sépalas 3, livres; pétalas
6, livres; estames numerosos; anteras subsésseis,
oblongas, de conectivo espessado; ovário
dialicarpelar, súpero, com muitos carpelos
uniovulados; estigma séssil. O fruto é um sincárpio
com cerca de 15 cm de diâmetro e 2 kg de peso, oval a
arredondado, externamente marrom-claro, comoso,
internamente creme amarelado, com polpa firme;
numerosas sementes com formato elíptico.
A planta é caducifólia (perde as folhas) na época
seca, florescendo com o início da estação chuvosa,
sendo o início no final de setembro, até o final do
mês de dezembro, para a região de Selvíria/MS. Para
a região de Três Lagoas/MS, a floração dá-se no
início de outubro, até o final de novembro. A
frutificação inicia-se em novembro, com a maturação
dos frutos ocorrendo de fevereiro a março. A dispersão
das sementes é realizada por animais.
O botão floral pode surgir antes da rebrota das
folhas, concomitante ou com as folhas já formadas. As
flores são hermafroditas, apresentam protoginia e
termogênese. O aquecimento interior da flor (termogênese)
inicia-se geralmente ao anoitecer, podendo chegar até
10 ºC acima da temperatura do ar, porém uma chuva ou
variação das condições do meio externo, pode
provocar a queda de temperatura no inferior da flor.
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As flores de A.
crassiflora
aquecem-se uma vez somente e caem na mesma noite. Por
volta das 19 horas, o estigma encontra-se coberto de
exudato transparente e devido a esse aquecimento,
exala forte odor que atrai de besouros. Os primeiros
insetos atraídos penetram nas flores por volta das 19
horas, perfuram as pétalas internas e depois saem ou
iniciam a cópula. Por volta das 22 e 24 horas, os
estames deiscentes caem no interior da câmara floral
e posteriormente as pétalas separam-se do receptáculo
floral, caindo no chão. Alguns besouros permanecem no
interior do anel de pétalas durante o dia, no chão,
saindo somente no início da noite, cobertos de pólen
para visitar outras flores recém abertas.
O araticunzeiro apresenta problemas com a baixa taxa
de frutificação necessitando serem melhor estudadas
as suas causas, visando seu aproveitamento econômico.
Deve-se principalmente ao ambiente de ocorrência, a
variabilidade sobre o número de indivíduos
encontrados. Em Cuiabá, MT, as densidades variam de 6
indivíduos/ha numa área menos fértil a 48 indivíduos/ha
em outra mais fértil.
Com relação ao comportamento da espécie, houve baixíssima
sobrevivência em plantio puro (15%) e baixa quando
consorciada (40%). A altura das plantas foram
superiores no plantio puro, sendo observada floração
de plantas de araticum a partir dos 4 anos no plantio
puro e dos 5 anos na área consorciada.
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COMPOSIÇÃO DO FRUTO
A composição da polpa do fruto (100g) apresenta 82,0
calorias; 1,1 g de proteína; 0,2 g de lipídios; 21,3
g de carboidratos; 34,0 mg de cálcio; 35 mg de fósforo;
0,6 eq. ret. de fero; 0,09mg de tiamina; 0,9 mg de
niacina; 17mg de vit. C; 0,13 mg de riboflavina.
A composição da polpa do fruto é a seguinte:
umidade de 76,3%; proteína 1,3%; extrato etéreo
0,3%; cinzas 0,6%; carboidratos 21,5%; fibras 1,6%;
valor calórico (cal/100g) 87; pH = 4,57; acidez
(sol.N.) 5,56%; 14º Brix (sólidos solúveis totais);
açúcares redutores 7,72%; açúcares totais 56,4%;
tanino 0,38%; caroteno 0,23%; 24,2 mg Mg/100g polpa e
0,7 mg Fé/100g polpa. Para minerais e vitaminas em
100g de polpa: 52 mg de Ca; 24 mg de P; 2,3 mg de Fé;
21 mg de vit. C; 50 mg de vit. A; 0,04 mg de vit.
B e 0,07 mg de vit. B2.
Na polpa do araticum, cerca de 80% dos ácidos graxos
são monoinsaturados, 16% saturados e 4%
poliinsaturados, o linolênico.
PROPAGAÇÃO
O araticum é uma espécie predominantemente alógama,
de modo que as plantas oriundas de sementes segregam e
não reproduzem o fenótipo da planta mãe. Mesmo
assim , o uso de sementes é necessária para a obtenção
de mudas ou para a formação de porta-enxertos.
A semente germina com dificuldade, havendo longo período
de dormência, sendo que em areia, o início da
germinação ocorreu entre 237 a 292 dias. O embrião
é muito pequeno, medindo 2 mm de comprimento e
delicado. Parece ser esta a causa da dormência da
semente, pois o embrião precisa primeiro construir
seus órgãos para depois germinar, não havendo, na
realidade, nenhum bloqueio à germinação. As
sementes não conseguem germinar no cerrado, pois não
toleram o meio seco, levando de 8 a 10 dias em solo úmido.
A germinação em condições de campo teve início
aos 75 dias e prosseguiu até os 392 dias, sendo
bastante irregular, com cerca de 42% de germinação.
Um período médio de 25 dias e índices médios de
60% de germinação foram obtidos. Esse comportamento
parece estar ligado ao período de dispersão as espécie,
que, ocorrendo no final da época chuvosa, as sementes
se mantém dormentes até o final da seca e início da
época chuvosa seguinte, para, a partir daí, ter
condições de germinação no seu ambiente natural.
Se por um lado,a dormência é vantajosa para a
sobrevivência das espécies em condições naturais,
uma vez que ela distribui a germinação ao longo do
tempo ou permite que a germinação ocorra somente
quando as condições forem favoráveis à sobrevivência
das plântulas, ela é freqüentemente prejudicial à
atividade de viveiro, onde se deseja a germinação de
uma grande quantidade de sementes em um curto período
de tempo.
Annona crassiflora possui semente com embrião
imaturo, porém seu tegumento é permeável à água.
A estratificação é recomendada para sementes com
tegumento impermeável a gases e para as que tem embriões
imaturos.
A solução para quebrar a dormência das sementes
parece estar no uso de reguladores vegetais, pois
utilizando ácido giberélico (GA3), nas doses de 500,
1000 e 2000 ppm, em associação com períodos de
embebição (0, 3 e 6 dias), foi conseguido antecipação
da germinação para 36 dias. Foi verificado efeito do
período de embebidação e da concentração
utilizada sobre a germinação, sendo significativos,
havendo aumento da germinação com o aumento da
concentração de GA3 e do período de embebidação.
Nos tratamentos sem GA3, não houve germinação,
mostrando que a dormência deve-se à falta de
giberelina.
Devido à alta variabilidade genética dos
araticunzeiros nativos, o plantio por sementes pode
originar cultivos desuniformes, com plantas de
características agronômicas bem diferentes. A
enxertia promove uniformidade nas características das
plantas, frutos, bem como no desenvolvimento e
produtividade. A técnica de enxertia parece ser a
mais indicada para a propagação e formação de
mudas de araticum. Estudos realizados na EMBRAPA –
CPAC em Planaltina, DF, demonstraram sucesso inicial
para algumas fruteiras nativas do cerrado, inclusive o
araticum, onde trabalhos com enxertia do tipo garfagem
à inglesa simples, mostraram índices de pegamento
superiores a 80%.
Os garfos devem ser provenientes de plantas sadias e
sem ataque de broca, pois ao contrário, possuem sua
parte interna oca. Devem ser selecionados de ponteiras
com tecido jovem em crescimento e desfolhados. Uma
semana após a retirada das folhas, garfos com 8 a 12
cm de comprimento e com diâmetro semelhante a um lápis,
são retirados e devem ser levados o mais rápido possível
para a operação de enxertia em porta-enxertos
(cavalinhos), com diâmetro compatível ao garfo.
A enxertia é do tipo garfagem lateral ou inglês
simples, fazendo-se um corte em bisel de cerca de 4 cm
na ponta do porta-enxerto e na base do garfo. O ângulo
de inclinação do corte deve ser o mesmo em ambos,
para que a região de contato fique bem unida e assim
promover o pegamento do enxerto. Após o encaixe do
garfo com o porta-enxerto, amarra-se com fita plástica.
A enxertia pode ser feita de outubro a abril.
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FORMAÇÃO DO POMAR
Quando enxertadas, o plantio deve ser feito em campo
somente após a brotação das mudas (no início da
estação chuvosa), devendo apresentar as folhas
maduras e procedendo uma irrigação para proporcionar
melhor pegamento.
O araticunzeiro requer solos profundos, bem drenados,
não é exigente em fertilidade de solo e tolera os
solos ácidos da região do Cerrado.
O espaçamento recomendado é de 5 a 7 metros entre
linhas e de 5 a 7 metros entre plantas, para mudas não
enxertadas, reduzindo-se o espaçamento, se as mudas
forem provenientes de enxerto.
A fertilidade de solos pobres não corrigidos
anteriormente, pode ser incrementada pela adição na
cova no momento do plantio de 100 g de calcário dolomítico
(PRNT=100%), 250 g de superfosfato simples, 10 g de
cloreto de potássio, 10 g de sulfato de zinco, 4 g de
sulfato de cobre e de sulfato de manganês, 1 g de bórax
e 0,1 g de molibidato de amônio. Após o plantio,
recomenda-se três adubações de cobertura com 25 g
de sulfato de amônio e 10 g de cloreto de potássio
por cova, a cada 40 dias, até o final do período
chuvoso.
Em solos de baixa fertilidade, recomenda-se adubações
anuais, a partir do primeiro ano com a dose de 150 g
da fórmula 10-10-10 e aumentando gradativamente para
300, 450, 600 e 750 g. A formulação deve ser
acrescentada de sulfatos de zinco, cobre e manganês
em doses equivalentes a 5, 2,5 e 2,5% da fórmula,
respectivamente, parcelando as doses anuais em três
aplicações de cobertura, durante o período chuvoso.
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As áreas onde ocorreram o araticum
tenderam em todas as profundidades de solo analisadas,
a apresentar teores de Ca, Mg, K e Zn menores que nas
áreas onde não ocorrem esta espécie. Ou seja, as áreas
de ocorrência de A. crassiflora são
notavelmente mais pobres nestes nutrientes que nas áreas
onde esta espécie não ocorre. O araticum prefere
situar em solos que dispõem de quantidades em termos
químicos com relação aos nutrientes citados e também
em solos com um nível menor de alumínio.
COLHEITA
Os frutos podem ser coletados no chão, porém são
altamente perecíveis nesta fase. O forte aroma
característico que o fruto exala, indica a certa distância,
a presença de araticum maduro no local. O fruto também
pode ser coletado “de vez” na árvore, mas é
necessário que haja pequenos sinais de abertura na
casca. Com relação à qualidade da polpa,
distinguem-se dois tipos de frutos: o araticum de
polpa rósea, mais doce e macio e o araticum de polpa
amarela, não muito macio e um pouco ácido. Os frutos
de coloração de polpa amarela são predominantes,
enquanto aqueles de coloração rosada, intermediária.
Também é citada a ocorrência de frutos com coloração
de polpa branca, havendo porém, pequena produção
destes. Dessa citação, pode-se concluir, que há
diferentes progênies existentes no ambiente de ocorrência
do araticum e que por isso deve ser realizada uma seleção
de plantas com características agronômicas
superiores, sendo propagadas de forma assexuada para
manter as características.
A produção inicia-se a partir do quarto ano após o
plantio, podendo ser antecipada para o segundo ou
terceiro ano se as mudas forem enxertadas. A produção
é irregular e em média uma planta em condições
naturais produz de 5 a 30 frutos com peso entre 500 a
4500 g. Um fruto apresenta em média de 60 a 130
sementes, apresentando um peso de 300 g/100 sementes.
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VALOR ALIMENTAR E USOS
Há descrição desde o processamento da polpa do
araticum, até os detalhes de uso, como receitas de
batida, bolachas, bolos, bombom, doces, compota,
cremes, gelatina, geléias, iogurte, pudim, sorvetes,
sucos e outros.
Na medicina popular, a infusão das folhas e das
sementes pulverizadas servem para combater a diarréia
e a induzir a menstruação. Além desses usos, tem-se
isolado vários compostos de A. crassiflora com
diferentes fins de utilização.
O extrato hexânico de sementes de A. crassiflora
mostrou efeito contra Ceratilis capitata. Os
vegetais da família Annonaceae predominaram entre
aqueles que apresenta alguma atividade. Plantas da família
Annonaceae, possuem componentes como alcalóides e
acetogeninas com atividade contra afídeos e piolhos.
A presença da substância acetogenina, encontrada em A.
crassiflora e em outras Annonaceas, possuindo
propriedade herbicida.
São conhecidas também atividades antifúngicas e
antitumorosa do araticum.
MERCADO
Não se dispõe de dados oficiais sobre quantidade e
preço médio alcançado pelos frutos, porém um
produtor de Itararé, SP, informou que possui plantio
comercial com 2000 plantas, conseguiu na safra de
2000, preços de R$ 5,00/ kg. A produção é toda
comercializada na propriedade. O produtor cita o
problema da irregularidade na produção e a ocorrência
na mesma planta de frutos com variação na coloração
de polpa, sendo amarelo aquele mais precoce e com odor
mais pronunciado. Frutos de coloração branca de
polpa, tendem a ser mais tardios e não apresentar um
odor tão pronunciado.
Em Padre Bernardo, GO, é explorada comercialmente uma
área de 300 ha de cerrado nativo e áreas de
pastagens, formadas há 40 anos, foi deixado o
araticum entre outras espécies do cerrado. Vem
ocorrendo regeneração natural de araticum, ao longo
desse período. A produção de frutos tem sido maior
nas áreas de pasto do que nos cerrados. É comum para
os indivíduos com uma alta produção de frutos num
ano, apresentarem, no ano seguinte, uma redução drástica
na quantidade de frutos produzidos (alternância de
produção). O destino da comercialização tem sido
Brasília (DF) e Anápolis (GO). Os compradores do
araticum vão até a área e ajudam na coleta dos
frutos. A caixa (com 20 a 24 frutas) é vendida por
R$8,00 a R$10,00 (diretamente do produtor), sendo
comercializada em Brasília para os grandes mercados
de Brasília e cidades satélites: (CEASA), Ceilândia
e Taquatinga.
A comercialização dos frutos é feita em mercados
regionais, de onde sua produção, quase que
exclusivamente, é provinda de áreas de cerrado
nativo, sendo uma forma extrativista de utilização.
Diante dessa situação, torna-se necessário
incentivar o plantio comercial do araticum, pois o
extrativismo ocorrendo de forma intensa e
descontrolada, poderia afetar a perpetuação da espécie.
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Fonte
de pesquisa: Livro de Frutas exóticas e Páginas da Internet FACULDADE
DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS/UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL
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